O câncer de ovário ocupa no Brasil a oitava posição entre as modalidades de tumores que mais atingem as mulheres. É menos freqüente que câncer de mama e de colo, e representa apenas 2 ou 3% do total de casos da doença no País, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Por outro lado a entidade também afirma que esse tipo da doença é o mais letal para o sexo feminino, pois na maioria das vezes é descoberto tardiamente.
Segundo a Dra. Sueli Raposo, ginecologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica/ Diagnósticos da América - DASA, os fatores de risco do câncer de ovário são os mesmos para todas as modalidades da doença: fumo, bebida alcoólica e alimentação rica em gorduras. "Também podemos perceber uma predominância em determinados tipos de mulheres como obesas, que nunca tiveram filhos (nuliparas), que utilizaram medicamentos para infertilidade e terapia hormonal na menopausa e com histórico familiar positivo para tumores no ovário, na mama e no colo-retal não poliposo. Mulheres com menarca precoce (primeira menstruação antes dos 10 anos), menopausa tardia (última menstruação após os 52 anos) e idade acima dos 40 anos, com incidência maior entre 50 e 60 anos, também são mais propensas a desenvolver o câncer de ovário", complementa a médica.
Por outro lado, alguns estudos já constataram que a amamentação, o uso de anticoncepcionais, a ligadura de trompas e a retirada do útero (histerectomia) são fatores que podem diminuir o risco de desenvolvimento da doença, mas isso não justifica a intervenção cirúrgica sem indicação precisa. A Dra. Sueli alerta que as mulheres não devem confundir os cistos de ovário, bastante freqüentes, com o câncer do órgão. Os especialistas só devem indicar para cirurgia as pacientes com cistos maiores que 10 cm com áreas sólidas e líquidas.
O câncer de ovário possui diversos tipos e por isso tem um diagnóstico difícil nas fases iniciais. Essa modalidade da doença também não possui nenhum exame certeiro e eficaz como o papanicolau para o câncer de colo de útero e a mamografia para o de mama. Os médicos utilizam o ultra-som transvaginal pélvico e a dosagem do Ca 125 (marcador tumoral). "A junção dos métodos pode detectar a doença mais precocemente, diminuindo a mortalidade em 50% dos casos", afirma a médica.
O ultra-som transvaginal é um exame que deve ser feito de rotina, pois não é invasivo a presença de tumores com áreas sólidas e císticas, e alteração no volume ovariano acima de 20 cm, são considerados suspeitos. Este exame pode ser complementado com o ultra-som pélvico e o doppler, além da dosagem dos marcadores tumorais.
O marcador tumoral Ca 125 é um exame de sangue auxiliar, mais útil no acompanhamento da doença do que na prevenção. Ele aparece alterado em doenças benignas e em diversas alterações do organismo (por ex durante a menstruação), portanto ele é inespecífico e deve ser acompanhado por outro procedimento de diagnóstico. O exame de sangue também pode determinar o índice da alfa-feto proteína que quando muito elevado pode indicar a agressividade do tumor, e se continuar alto após a cirurgia pode advertir para uma metástase e/ou necessidade de quimioterapia.
"Para casos especiais, os médicos prescrevem a cintilografia, um teste sensível e útil quando a tomografia computadorizada detecta alterações sugestivas ou a laparoscopia, um método cirúrgico utilizado quando há dúvida diagnóstica, mas não há consenso que seja um bom método, pois a manipulação inadequada pode mudar o estadiamento e o prognóstico da doença", acrescenta Dra. Sueli.
Alguns médicos indicam a retirada dos ovários na menopausa para mulheres com históricos de risco, mas esse não é um procedimento unânime. Outros especialistas acreditam que a cirurgia não impede o aparecimento de carcinoma no peritônio (tecido que reveste a cavidade abdominal) devido ao aspecto multicêntrico do câncer de ovário.
Todos os tratamentos cirúrgicos para o câncer de ovário devem ser seguidos de radioterapia e/ou quimioterapia dependendo do tipo de tumor, do estadiamento clínico, idade e condições da paciente. Quando o diagnóstico é feito bem no início em mulheres jovens, o médico deve optar por uma cirurgia mais conservadora para preservar o futuro obstétrico da paciente. "Apesar dos avanços em termos de tratamento a sobrevida não aumentou significativamente nos últimos anos, devido a dificuldade do diagnóstico precoce", comenta a ginecologista.
A taxa de sobrevida das mulheres com os tipos mais comuns de câncer de ovário, após cinco anos do diagnóstico, varia de 15 a 85% e depende agressividade do tumor, do estadiamento na época que foi tratado e da resposta imunológica de cada paciente. Em jovens, a taxa de sobrevida é maior quando o diagnóstico é precoce, diferente do câncer de mama que costuma ser mais agressivo em mulheres jovens. Já entre mulheres de 30 a 60 anos há uma sobrevida de mais de cinco anos em 59% dos casos e de 35% acima de 60 anos de idade.
A Dra. Sueli alerta para os sintomas que quando persistentes, mesmo inespecíficos, devem fazer a mulher suspeitar do câncer de ovário e procurar um especialista: desconforto e dores espalhadas no abdômen e pelve (dor abdominal em 60% dos casos), alterações no hábito intestinal, dores durante ou após a relação sexual, má digestão, perda de peso de forma inexplicada (32% dos casos), distensão ou inchaço abdominal, crescimento do abdômen (46,7% dos casos), falta de apetite, náuseas, distensão do estômago, sentir-se cheia rapidamente, dor e aumento da freqüência ao urinar, edema de membros inferiores (inchaço), dor na região lombar, alterações menstruais e sangramento na pós menopausa aparecem com menos freqüência (1,3% dos casos), mas devem ser considerados. "O aumento do ovário em mulheres na pós menopausa pode ser um sinal precoce, embora possa ser um tumor benigno, cistos, etc. Em uma fase mais adiantada o câncer de ovário pode acumular líquido na cavidade abdominal com distensão abdominal, dor pélvica, anemia e perda de peso", conclui a Dra. Sueli.
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Data da inclusão: 14/08/2007
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Leitura adicional:
Reposição hormonal e risco de câncer de ovário