Além dos problemas mais conhecidos, como cansaço ou alterações no humor, a falta de sono pode causar outro efeito prejudicial: o aumento de peso.
Na edição de 10 de janeiro dos Archives of Internal Medicine, dois artigos alertam para a necessidade de entender melhor a crescente epidemia de obesidade nos Estados Unidos. Uma das maneiras, afirmam, é descobrir como a diminuição do sono altera os complexos processos metabólicos que controlam o apetite, a ingestão de alimentos e o gasto de energia.
No primeiro artigo, Robert Vorona, da Escola Médica do Leste da Virgínia, nos Estados Unidos, e colegas reportam o estudo feito com 1.001 pacientes no qual foram analisadas as relações entre o índice de massa corporal (IMC) e a quantidade de horas dormidas. Os cientistas verificaram que os pacientes acima do peso e os considerados obesos dormiam em média menos do que os com IMC normais.
“Restrições no sono provocam importantes mudanças neurocognitivas, como a sonolência excessiva durante o dia e alterações de humor, que podem resultar em problemas como acidentes no trabalho ou no trânsito”, afirmam os pesquisadores.
No outro artigo, Fred Turek e Joseph Bass, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, comentam o problema a partir do estudo de Vorona e colegas. “Nos últimos anos, surgiu um novo e inesperado ‘vilão da obesidade’: o sono insuficiente. Entretanto, enquanto há uma preocupação crescente de que isso pode levar a uma série de problemas, poucos pesquisadores têm se importado com a conexão entre a obesidade e o sono”, disseram.
Turek e Bass ressaltam a importância de investigar também se intervenções nos distúrbios do sono podem ajudar a reduzir os efeitos negativos da obesidade no metabolismo e na saúde humana. Os cientistas alertam que o problema está afetando até mesmo crianças.
Segundo eles, o sono insuficiente durante o crescimento pode levar a uma trajetória de obesidade e síndrome metabólica – a associação da obesidade ao diabetes e a doenças cardiovasculares. De acordo com estudo feito pela Clínica Mayo, um em cada quatro adultos nos Estados Unidos sofre de síndrome metabólica, número que representa um aumento de 61% em relação à última década.
Fonte: Agência Fapesp, 14/01/2005
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