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Cirurgia de Redução do Estômago

Obesos que ainda não atingiram o Índice de Massa Corpórea (IMC) exigido para realizar a cirurgia de redução de estômago fazem dieta de engorda para conseguir aprovação dos médicos. Alguns chegam até a usar caneleiras de areia para simular mais peso na hora da consulta, alertam profissionais da Unifesp.

Para realizar a cirurgia de redução de estômago, o paciente precisa atingir um IMC igual ou superior a 40. Se o obeso estiver com IMC entre 35 e 40, a cirurgia só será realizada caso existam outras doenças concomitantes, como cardiopatias, hipertensão ou diabetes, entre outras. Somente no caso de obesidade mórbida - IMC superior a 40 - o tratamento cirúrgico é indicado.

O IMC é calculado dividindo o peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado. Assim, uma pessoa que mede 1,60 m poderá fazer a cirurgia caso tenha 103 kg ou mais. Se este mesmo paciente tiver outras doenças consideradas de risco, a partir de 90 kg poderá ser indicada.

Segundo o gastrocirurgião Carlos Haruo Arasaki, médico do Ambulatório de Obesidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), muitas vezes o paciente vai ao consultório pensando na cirurgia e percebe que ainda não atingiu o IMC mínimo para justificar a intervenção, sendo orientado a realizar o tratamento clínico - com orientação nutricional, endocrinológica, psicológica (para controlar a ansiedade e compulsividade) e fazer exercícios físicos. Achando que a opção cirúrgica poderia resolver os seus problemas mais facilmente, este paciente resolve engordar para atingir o IMC necessário. "É difícil ter controle sobre isso, porque a pessoa, ao decidir engordar, não retorna ao meu consultório e opta por outro médico que não saiba que ela engordou propositadamente", afirma Haruo.

Para a psicóloga do Ambulatório de Obesidade da Unifesp Maria Isabel Rodrigues Matos, o maior problema desta escolha é que o paciente não tem noção de quanto a cirurgia é invasiva e de todas as restrições que terá de enfrentar pelo resto da vida. "Um paciente que passa pela operação vai ter que reaprender a comer. É como se fosse um bebê", explica Maria Isabel.

A ILUSÃO DA VIDA NOVA

A psicóloga compara a cirurgia a um casamento, já que depois da lua-de-mel, nos seis primeiros meses, o paciente percebe que o processo não é tão mágico quanto esperava e que ele apenas deixou de ser obeso, mas continua com os outros problemas de antes. "Geralmente, o obeso acredita que a cirurgia não vai deixá-lo apenas mais magro, mas que também vai lhe trazer um emprego, uma namorada e uma vida melhor como um todo, mas não é assim", explica Maria Isabel. "Uma tendência do paciente acima do peso é culpar a obesidade por todas as suas fraquezas, mas ele tem outras dificuldades como qualquer pessoa e isso só se torna evidente depois da cirurgia".

Nos casos em que o indivíduo engorda para poder se submeter à redução do estômago, a psicóloga acredita que a recuperação no pós-cirúrgico seja ainda mais difícil. Afinal, se o paciente passou os últimos meses antes da cirurgia aumentando a ingestão de alimentos, quando tiver que diminuir drasticamente o consumo após a cirurgia terá muita dificuldade. A psicóloga afirma que sair da compulsão excessiva para uma situação de controle é extremamente difícil e muitas vezes a pessoa pode voltar a engordar ou apresentar outros transtornos psicológicos.

Maria Isabel afirma que o paciente que se sente incomodado com a obesidade é capaz de tudo para se sentir melhor. "Sei de casos em que o obeso chegou a usar caneleiras de areia para parecer mais pesado na hora da consulta e conseguir autorização para a cirurgia".

Além da ansiedade que o obeso tem de emagrecer, existe outro fator que influencia esta decisão: o financeiro. Segundo Carlos Haruo, em cinco ou seis anos, o gasto que o obeso tem com o tratamento convencional paga o valor da cirurgia. Por isso, tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto os convênios médicos autorizam a operação nos casos mais sérios.

REESTRUTURAR O ATENDIMENTO

A psicóloga Maria Izabel destaca que a cirurgia muitas vezes é a única solução que um paciente encontra. "Existe pessoa que está com o IMC acima de 80 e a operação é a única alternativa para que essa pessoa não morra". Mas ela afirma que nos casos mais simples, de IMC em torno de 30, existem outras possibilidades menos drásticas e que trazem resultado, desde que haja disciplina. "É claro que a cirurgia aparenta ser muito mais fácil e eficaz, mas na maioria dos casos a forma de tratamento indicada é o acompanhamento endocrinológico, nutricional, psicológico e a prática de exercícios físicos".

Como solução, o médico Carlos Haruo acredita que seria necessária uma reestruturação do SUS. "Se os hospitais públicos distribuírem inibidores de apetite, antidepressivos, oferecerem apoio psicológico e nutricional, além de fazer um acompanhamento físico, os obesos podem conseguir emagrecer sem optar por engordar para fazer a cirurgia".

Créditos: Suzana Ribeiro
RICARDO VIVEIROS - OFICINA DE COMUNICAÇÃO
Fone: (11) 3675-5444
E-mail: suzana.jpta@midia.epm.br


Leitura adicional:
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