Originária dos Andes peruanos, a mandioca foi cultivada por várias nações indígenas da América Latina que consumiam suas raízes. A espécie cujo nome científico é Manihot esculenta foi levada para a África pelos colonizadores ibéricos. A origem do nome mandioca (manioca) está na lenda Tupinambá da deusa Mani, de pele branca, que encontrou sua morada (oca) na raiz desta planta.
Aipim, macaxeira ou maniva são os diversos nomes dessa planta. No Brasil, ela é usada como base para a fabricação da farinha, da tapioca, do beiju, de bolos, caldos e bebidas alcóolicas. No norte, utiliza-se as folhas da planta para o preparo da maniçoba e, do tacacá.
Base alimentar de milhões de brasileiros, a mandioca está fora da lista de produtos considerados mais nutritivos para a dieta – contém pouca vitamina A, níveis reduzidos de proteínas e substâncias antioxidantes, ou seja, aquelas que bloqueiam os efeitos danosos dos radicais livres (responsáveis por processos degenerativos), comuns na maioria dos vegetais. A conseqüência disso é que a população – principalmente de baixa renda - que se alimenta basicamente desse tipo de tubérculo – fica muito mais exposta a deficiências visuais e outros problemas que induzem a quadros de desnutrição.
Mas, uma pesquisa desenvolvida no programa de melhoramento da mandioca, do Instituto de Ciências Biológicas (IB), da Universidade de Brasília, comprova que essa realidade pode mudar. A partir de um processo especial, o tubérculo começa a ganhar novo peso na escala de importância nutricional. De autoria do professor Nagib Nassar, PhD em Genética, pela Universidade de Alexandria (Cairo), o estudo fundamenta-se em clones de mandiocas indígenas, cujos resultados foram publicados em janeiro de 2005.
Nassar obteve um tubérculo com 200 vezes mais carotenóides (precursores da vitamina A) que o comum. Além disso, apresenta sabor doce e agradável, menor quantidade de fibras e tempo de cozimento entre cinco e dez minutos, mais rápido que as variedades tradicionais. O clone, batizado de UnB 400, foi submetido ao jornal finlandês Journal of Agriculture, Food and Environment, Helsinki Agriculture, Food and Environment. Com a pesquisa realizada na UnB, vários países poderão resolver o problema da deficiência de Vitamina A, em suas comunidades.
PODER ANTIOXIDANTE
Outro resultado antigo, mas que iniciou essa pesquisa, na década de 80, foi um tubérculo com folhas ricas em luteína, um carotenóide com alto poder antioxidante, que, no experimento, apresentou níveis 14 vezes maiores que a mandioca comum. A pesquisa é resultado da hibridação da mandioca com seus parentes silvestres, ricos em proteínas e antioxidantes. Os antioxidantes são substâncias capazes de proteger as células de alterações como o câncer. Esse mesmo híbrido, o ICB 300, também apresentou quantidade maior de proteínas (5% mais), enquanto a comum possui apenas 1,5%. O ICB 300, segundo Nassar, pode ser adicionado à farinha de trigo usada para fazer pães, por causa do seu elevado teor de proteínas.
Fonte: Assessoria de Comunicação da UnB
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