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Tomar ou não um polivitamínico

Em busca do “corpo perfeito”, qualidade de vida, saúde e longevidade, muitas pessoas ficam em dúvida se precisam fazer uso, em seu dia a dia, de algum tipo de suplemento alimentar ou polivitamínico. De certa forma é o mesmo mecanismo que move para a adoção de “dietas milagrosas”. Ou seja, transferência de responsabilidade com “soluções mágicas e práticas”.

As vitaminas, minerais e outros nutrientes são encontrados naturalmente nos alimentos e essa deve ser a via que devemos utilizar para suprir nossas necessidades nutricionais. Salvo em determinadas situações onde essas necessidades ficam aumentadas e, através de exames laboratoriais lança-se mão do uso. Exemplos: no início da gravidez, as mulheres precisam mais de ferro e ácido fólico, daí os médicos, como garantia para a saúde da mamãe e do bebê, prescrevem os suplementos desses nutrientes. Em casos de diagnóstico de anemia, usa-se a suplementação com ferro até que ocorra a normalização do mineral no organismo. Atletas profissionais, com base em análises laboratoriais, têm perdas maiores de vitaminas e minerais, utiliza-se então um ou mais suplementos para repor essas perdas. Enfim, existem critérios científicos para a utilização de suplementos e grande parte das pessoas acha que a utilização dos mesmos pode substituir ou até ajudar, sem dano algum, a alimentação.

Hoje virou moda a utilização de algum tipo de suplementação, sem uma avaliação mais detalhada, prescrição e acompanhamento médico e de um nutricionista. A cada esquina vemos mais uma loja se abrindo com o intuito de atender a busca frenética dos “marombeiros” (frequentadores assíduos das academias) ou simplesmente aqueles que buscam qualidade de vida e saúde. É muito comum encontrarmos lojas onde de um lado ficam as roupas esportivas confeccionadas com tecidos de última geração e do outro, prateleiras repletas de suplementos, pós, shakes e géis sendo vendidos sem o menor controle e muitas vezes com dosagens bem acima das recomendações consideradas seguras. A mesma pessoa que vende a roupa esportiva indica o “melhor” suplemento.

Convenhamos, são necessários critério e bom senso!! Cada indivíduo é único e sendo único, deve ser tratado como tal, com respeito às suas particularidades e necessidades específicas.

A análise nutricional de uma alimentação, realizada pelo nutricionista, permite avaliar se as recomendações para os diversos nutrientes estão sendo atingidas. Se não estiverem, o nutricionista sugere ajustes e modificações nos hábitos alimentares considerando estilo de vida, estado de saúde, antecedentes clínicos e familiares, atividade física e outros fatores. É preciso saber o que nosso corpo precisa para funcionar bem, em quais quantidades e onde naturalmente podemos encontrar, ou seja, o que devemos comer.

Um suplemento em nenhum momento (salvo em pessoas debilitadas e aquleas que não consguem atender suas necessidades pela alimentação) substitui uma alimentação saudável e não deve ser utilizado da forma indiscriminada como vem ocorrendo, muito menos sendo prescrito por profissionais que não estão habilitados para isso. O trabalho conjunto do médico e do nutricionista é o mais indicado e coerente. Vale lembrar também que a última pessoa que deve-se pedir orientações e informações é o vendedor do suplemento!

As quantidades recomendadas para cada um dos nutrientes não “caíram do céu”, são frutos de anos de estudos de cientistas e pesquisadores e antes de serem divulgadas no meio acadêmico, são julgadas pelo Food and Nutrition Board of the National Academy of Sciences, órgão de reconhecimento internacional.
As recomendações nutricionais são definidas como: “níveis de ingestão de nutrientes essenciais que, tendo como base os conhecimentos científicos, são julgados como sendo adequados para cobrir as necessidades de nutrientes específicos de praticamente todos os indivíduos saudáveis”. Uma vez estabelecidas, as recomendações são utilizadas como norteador para toda a população mundial.

Quando as quantidades de nutrientes são definidas pelos pesquisadores da Ciência da Nutrição, também são estabelecidos níveis maiores e seguros de ingestão, assim como a dosagem considerada tóxica. Esta última é a dose a partir da qual os nutrientes (vitaminas, minerais ou outros) começariam a apresentar efeitos colaterais, muitas vezes semelhantes aos da deficiência.

Em uma cápsula de um polivitamínico ou qualquer outro composto de laboratório, encontramos uma variedade de vitaminas, minerais e/ou outros nutrientes de forma concentrada e em quantidades, muitas vezes, acima das recomendações. Será que o uso desse suplemento tem o mesmo impacto e efeito que uma alimentação saudável? Será que as quantidades de nutrientes dos polivitamínicos somada às encontradas nos alimentos que ingerimos não se tornam demais? É transferir demais nossa responsabilidade e saúde às cápsulas, não acham??

Muitos estudos científicos publicados, sobre o uso de suplementos, são feitos com animais de laboratório e atletas. Resultados com animais podem nortear mais pesquisas, mas nunca servir como referência para humanos. Atletas são esportistas profissionais que têm seu metabolismo completamente alterado pela carga de exercícios e trabalho muscular que se submetem, e também não servem como referência para pessoas fisicamente ativas que buscam na prática de atividades físicas a promoção da saúde e o bem estar.

Quando as recomendações nutricionais, para cada nutriente, são definidas pelas comissões científicas, são também previstas algumas necessidades extras que consideram a resistência às infecções, manutenção e integridade da pele, alterações climáticas dentre outras. Sabe-se que em algumas doenças, alterações no metabolismo, estresse, excesso de bebidas alcoólicas, tabagismo, ocorre aumento das necessidades de alguns nutrientes, mas não se sabe de quanto precisamente. Nesses casos, algumas vezes são necessários exames laboratoriais específicos, acompanhamento com médico e ajustes na alimentação feito por um nutricionista.

O Ministério da Saúde considera suplemento, produtos que não ultrapassam 100% da Ingestão Alimentar Recomendada para determinado nutriente. Acima de 100%, o suplemento deixa de ser suplemento e torna-se um medicamento. Sendo assim, a utilização da suplementação, por questões de segurança à saúde, deve ser precedida de avaliação nutricional e reeducação dos hábitos alimentares.

Referências bibliográficas
1. INTERNATIONAL FOOD INFORMATION COUNCIL - Dietary Reference Intakes: An Update. Agosto de 2002. Disponível em: https://ific.org/publications/other/driupdateom.cfm. Acessado em 10/09/03.
2. AOKI, MS; BACURAU, RFP - Suplementação Nutricional para indivíduos fisicamente ativos. Ed. Fontoura. In: Nutrição - Ponto de Vista. Saúde em Movimento. Disponível em: https://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=946. Acessado em 14/09/03
3. JORNAL SAÚDE EM MOVIMENTO - Especialista critica suplementos alimentares. Disponível em: https://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_frame.asp?cod_noticia=1041. Acessado em 14/05/03
4. GARCIA, C. L. - Suplementos - Parte I. In: Viver tranqüilo - Nutrição. Disponível em: https://www.jfservice.com.br/viver/arquivo/nutricao/2001/08/22-Cristina. Acessado em 14/09/03
5. GARCIA, C. L. - Suplementos - Parte II. In: Viver tranqüilo - Nutrição. Disponível em https://www.jfservice.com.br/viver/arquivo/nutricao/2001/10/08-Cristina. Acessado em 14/09/03


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