Os alicates, lixas, espátulas, tesouras e palitos de laranjeira, usados para dar o acabamento impecável às unhas das mulheres, requerem atenção especial não só por parte das manicures e pedicures que os utilizam, como pela própria clientela. Esse tipo de instrumento, quando não submetido a rigorosos procedimentos de higiene, pode se transformar em transmissor de bactérias e fungos.
Quem tem algum tipo de micose e vai a um salão de beleza que não esteriliza corretamente o material compromete a saúde de outras pessoas que, sem saber, podem contrair um problema cujo tratamento é caro e demorado. “Em média, as micoses de unha levam de três a seis meses para serem curadas. A indicação de tratamento inclui, em média, uma caixa com 15 comprimidos de antifúngicos que pode custar cerca de R$ 80,00”, afirma a dermatologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Carmélia Reis.
Para evitar riscos, o ideal é que o cliente tenha sempre à mão um kit particular com os instrumentos que serão utilizados no salão, inclusive esmalte. Se não puder levar todos os instrumentos, que tenha pelo menos o seu próprio palito, lixa e esmalte. Eles não podem ser esterilizados e são mais baratos. “Não adianta a pessoa levar tudo e usar o esmalte do salão, porque qualquer um deles pode estar contaminado e transmitir a micose”, explica.
Os riscos, segundo a professora da Universidade de Brasília (UnB), acontecem principalmente porque as manicures aprendem a fazer as unhas umas com as outras e não em cursos específicos oferecidos por instituições de ensino profissionalizante, como o Senac, onde existe uma preocupação com a prática correta da atividade. Outro aspecto importante é a fiscalização das Secretarias de Saúde locais, que precisam estar atentas à esterilização desses materiais em salões de beleza.
O QUE PODE SER TRANSMITIDO
Veja seguir as doenças que podem ser transmitidas no salão de beleza e também pelo contato com o solo e animais:
As alterações clínicas vão de pequenas manchas esbranquiçadas ou amareladas, espessamento, fendas, descolagem que promove a separação da unha em duas lâminas. Nas partes lesadas, observa-se perda de brilho, opacidade e destruição da unha como se tivesse sido roída.
• Onicomicose distal e subungueal – É a mais comum de todas e afeta a porção distal (ponta) da unha. A unha descola do seu leito e fica oca.
• Onicomicose proximal subungueal – Há um descolamento da unha na proximidade da cutícula. A unha apresenta aspecto turvo e espesso
• Onicomicose superficial branca – Deixa a unha branca e é provocada pelo fungo Trichophyton mentagrophytes
• Onicomicose distrófica – destrói toda a unha
• Paroníquia – inflamação ao redor das unhas provocada por leveduras (Candida albicans). Deixa o contorno da unha avermelhado e dolorido, a unha fica ondulada.
OUTRAS DOENÇAS QUE PODEM ATACAR A UNHA E SER CONFUNDIDAS COM MICOSES
• Psoríase – doença que atinge a pele e provoca descamação e feridas. Nas unhas, provoca esfarelamento
• Tumores – podem deixar a unha preta
• Líquen plano – alteração na matriz da unha que pode provocar descamação
O HUB realiza o diagnóstico e tratamento para as micoses da unha pelo exame micológico. Para isso é realizada uma raspagem do material da parte debaixo da unha. Os fragmentos são colocados em meio de cultura, onde ficam por oito dias até crescerem os fungos ou bactérias. Depois, o dermatologista analisa o material no microscópio. Dependendo da origem, poderá ser pedido um antibiograma. No caso de serem identificados fungos, será recomendado um antifúngico específico. Os remédios são de uso local ou oral.
O paciente deve evitar o uso de remédios sem prescrição médica, que podem mascarar os efeitos da micose, dificultando o tratamento. Persistência também é essencial, pois muitas vezes a cura é demorada.
COMO FAZER A ESTERILIZAÇÃO DO MATERIAL
Os instrumentos como alicate, espátula e tesoura devem ser lavados com detergente e esterilizados em estufa por duas horas a 40°C ou na autoclave por 40 minutos em média a 260°C.
CUIDADOS COM A UNHA
• Limpeza
• Melhor evitar calçados fechados
• Evitar retirar as cutículas
Drª Carmélia Reis é professora da UnB e médica especialista em dermatologia, formada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia. Mestre pela Universidade Federal Fluminense e doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fonte: Assessoria de Comunicação da UnB
Leitura adicional:
Beleza Feminina