Há mais de um ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) deu um parecer contrário à bioplastia, mostrando a ausência de estudos sobre o comportamento em longo prazo do polimetilmetacrilato (PMMA), produto usado para amenizar rugas ou aumentar o bumbum. Recentemente, um estudo da Universidade de Brasília (UnB) comprovou que a substância pode ser prejudicial à saúde e o assunto recebeu o merecido destaque.
Os pesquisadores aplicaram o PMMA na orelha de ratos de laboratório. Rejeitada pelos animais, a substância entrou na corrente sangüínea e atingiu outras partes do organismo dos bichos. A substância foi encontrada inclusive no fígado e no rim dos roedores. Efeitos até mais graves em humanos, como casos de mutilações, necroses e outras seqüelas irreversíveis, já foram registrados pela SBCP.
Cirurgiões plásticos e dermatologistas experientes destacam que o produto só pode ser usado em casos específicos, conforme as recomendações da Anvisa. "A Anvisa permite que seja injetado cerca de 1 ml da substância, mas existem pessoas que utilizam até 500 ml. Neste caso, o organismo pode reconhecer a substância como um corpo estranho", explica o cirurgião plástico Wandler de Pádua Filho.
O dermatologista Gilvan Alves avalia que o grande problema está no uso exagerado da substância. "Medicina não é modismo, é ciência. E o uso do PMMA em grandes quantidades não tem comprovação científica. O que já foi observado é que o preenchimento em volumes acima do recomendado pode ocasionar a compressão dos vasos e conseqüente necrose de tecidos", afirma.
Para o cirurgião plástico Fausto Bermeo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, muitas pessoas optam pela técnica, imaginando ser uma forma de substituir a cirurgia plástica. "Isso acontece principalmente nas regiões relacionadas ao nariz e ao queixo, para modificar as formas que possuem", explica. Segundo ele, profissionais inexperientes consideram o procedimento simples, por não envolver cortes. "Não basta apenas injetar o produto para se obter um resultado adequado. É necessário, acima de tudo, conhecimento anatômico das áreas do corpo, além de habilidade e experiência", avalia.
Pesquisar antes de se submeter a qualquer procedimento é a consideração principal de todos os médicos. "Uma longa conversa com o médico pode tirar dúvidas e mostrar que certas cirurgias não são tão fáceis quanto parecem", diz Dr. Wandler. "Todo paciente, antes de se submeter a um procedimento, deve conversar muito e ter confiança em seu profissional", completa Fausto Bermeo.
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Carla Furtado
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