Desde os primeiros Jogos Olímpicos realizados em 776 a.C. na Grécia Antiga, os quais representaram o berço da busca de relações entre nutrição e desempenho físico, atletas e treinadores buscam uma alimentação especial capaz de aumentar o rendimento físico e melhorar o desempenho (Simopoulos, 1989; Grivetti & Applegate, 1997).
Neste final de século, apesar do crescente interesse na nutrição desportiva, ainda existe um elevado grau de desinformação, observado tanto nos atletas quanto em seus treinadores, que rotineiramente assumem a responsabilidade pelo controle dietético (Soares et al., 1994).
A participação de atletas femininas em esportes competitivos cresceu muito nos últimos anos. Pesquisas demonstram que o ambiente esportivo representa uma subcultura que amplia as pressões sócio-culturais pela magreza. Devido a estas pressões associadas ao esporte, as adolescentes se tornam mais susceptíveis aos distúrbios alimentares, principalmente em esportes que preconizam o baixo peso corporal como ginástica olímpica e corridas de longa distância (Petrie & Stoever, 1993; Sundgot-Borgen, 1994a; Marshall & Harber, 1996).
A ginástica olímpica é um esporte caracterizado pela leveza dos movimentos, pela arte do equilíbrio, flexibilidade e pelo domínio do corpo. Devido a isso preconiza-se que ginastas sejam mais leves e mais magras do que outras meninas da mesma idade. Em se tratando de corridas de longa distância, atletas que apresentam um menor peso corporal e diminuída percentagem de gordura corpórea estariam em vantagem em relação às outras, pois neste esporte a atleta tem que conduzir seu corpo a uma longa distância em velocidade máxima (Bale, 1994).
A presença de um consumo severamente restrito é um dos principais fatores de risco relacionado ao desenvolvimento de distúrbios alimentares, deficiência de ferro, irregularidades menstruais e desmineralização óssea que pode levar até mesmo à osteoporose.
Como as atletas e seus treinadores não apresentam conhecimentos adequados sobre nutrição, geralmente as atletas comprometem a própria saúde esforçando-se para alcançarem ou manterem uma meta inadequada de peso corpóreo, ou seja, um percentual de gordura corporal tão baixo quanto possível.
Devido a isso, torna-se necessário uma educação nutricional direcionada às atletas, seus treinadores e à equipe de apoio para que os mesmos se conscientizem dos efeitos adversos dos métodos extremos de controle de peso sobre a saúde destas próprias atletas.
Fonte: VILARDI, Teresa Cristina Ciavaglia, RIBEIRO, Beatriz Gonçalves e SOARES, Eliane de Abreu. Distúrbios nutricionais em atletas femininas e suas inter-relações. Rev. Nutr., jan./abr. 2001, vol.14, no.1, p.61-69. ISSN 1415-5273.
Drª Marília Fernandes, nutricionista - CRN3/1693
Leitura adicional:
Osteoporose