O aumento da atividade do sistema nervoso simpático, no momento em que as pessoas se deparam com situações de ansiedade e estresse, compromete a capacidade de relaxar e tomar decisões e também pode causar pressão alta e problemas cardiovasculares. Quando esses sentimentos tomam conta do organismo, alteram todo o ritmo do corpo.
Em pacientes que apresentam transtornos de ansiedade, a meditação ajuda o individuo a reconhecer a natureza desse sentimento e aprender, com o desenvolvimento da prática, a controlá-los. Assim, com o tempo, as sensações minimizam e, de acordo com a bióloga da Unifesp Elisa Harumi Kozasa, nos casos de vícios em geral, a prática pode auxiliar a diminuir a compulsão.
A meditação não costuma interferir no tratamento convencional, mas cabe ao médico ou psicólogo optar pela utilização da técnica ou não. "Após um mês meditando durante todos os dias, o paciente já sente os primeiros efeitos positivos na mudança de sua psicofisiologia. Em dois meses, constata-se melhora no quadro geral, com redução da ansiedade, maior controle emocional, bem-estar e melhora na atenção", explica Kozasa.
PENSAMENTOS DESTRUTIVOS
A especialista da Unifesp destaca que a meditação ajuda a observar e redimensionar pensamentos distorcidos que as pessoas criam de si mesmas e que levam aos transtornos. "A meditação ensina as pessoas a observarem suas mentes, sem colocar uma carga emocional sobre seus pensamentos", detalha a pesquisadora.
A meditação é um instrumento para o autoconhecimento e, segundo a bióloga, ao reconhecer seus sentimentos, o paciente portador de transtornos pode aprender a se controlar antes que eles atinjam o estado destrutivo. Segundo Kozasa, estas foram inclusive algumas das conclusões de um diálogo entre o criador da psicoterapia cognitiva, Aaron Beck, com o Dalai Lama, que ocorreu na abertura do International Congress of Cognitive Psychotherapy 2005, na Suécia, na semana passada.
Dois trabalhos da Unidade de Medicina Comportamental da Unifesp relacionados à meditação e mudanças cognitivas foram apresentados neste congresso.
Créditos: Luiz Carlos Lopes - luiz.jpta@midia.epm.br
RICARDO VIVEIROS - OFICINA DE COMUNICAÇÃO
Leitura adicional:
Ansiedade - Diagnóstico e Tratamento