As pesquisas médicas indicam que as doenças alérgicas vêm aumentando consideravelmente nas últimas duas décadas, principalmente entre as crianças. Um dos motivos apontados, segundo os especialistas, é a modificação dos hábitos cotidianos, conseqüência da maior ocidentalização no estilo de vida.
Esse é um dos aspectos que será discutido durante a palestra "Controle Ambiental", ministrada pelo médico alergista imunologista pediátrico Arnaldo C. Porto Neto, presidente do Comitê de Alergia e Imunologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul e professor associado ao Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Passo Fundo (RS).
De acordo com o médico, os maiores vilões que influenciam no aumento das doenças alérgicas estão dentro da própria casa, convivendo no ambiente familiar. "As mudanças que ocorrem nas residências, como o uso de carpete, cortinas, e uma maior quantidade de objetos diversos, e as alterações na área de ventilação, determinam o acúmulo de alérgenos, principalmente aqueles que são provenientes dos ácaros. Mudanças comportamentais têm levado a um tempo maior de permanência dos indivíduos no domicílio, aumentando, assim, a exposição a esses alérgenos", explica Dr. Arnaldo Porto Neto.
As crianças são as maiores vítimas dos ácaros. Com maior sensibilidade e expostas a esse ambiente, elas tornam-se vulneráveis ao desenvolvimento de alergias respiratórias ou até mesmo sofrendo com o agravamento de doenças já estabelecidas, como a asma e a rinite. Em países de clima tropical, como o Brasil, esse quadro é ainda mais acentuado. "A quantidade desse ácaro em determinados tipos de ambientes é bem maior. Ele é responsável pela maioria das doenças alérgicas respiratórias na população infantil", alerta o especialista.
Outro aspecto destacado pelo Dr. Arnaldo Porto Neto é a questão da poluição ambiental nos grandes centros urbanos. Segundo ele, a emissão de quantidades exageradas de determinados tipos de gases como ozônio, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, favorece também para o agravamento da doença alérgica.
Prevenção
O médico ressalta ainda que é fundamental a adoção de medidas preventivas. Ele explica que quando os pais já são alérgicos, existe uma margem de 50% a 70% de possibilidade dos filhos nascerem também com tendência a doenças alérgicas. Por isso, ele aponta a necessidade da prevenção primária, que deve começar dentro de casa.
"Pais que são alérgicos já deveriam ter um tipo de moradia diferente: casas sem umidade, bem ventiladas, sem carpetes. E devem também evitar fumar dentro de casa ou perto da criança. A fumaça de cigarro é o poluente principal no ambiente familiar. É importante também evitar bichinhos de pelúcia que acumulem pó, cortinas. São medidas, que já se sabe, são eficazes para retardar o aparecimento da sensibilidade alérgica a esses ácaros", aponta o médico.
No caminho da prevenção primária existe ainda o fator alimentação. Dr. Arnaldo destaca que é importante essa preocupação já na fase intra-útero, especialmente no último trimestre da gravidez. "É preciso evitar certos alimentos que potencialmente poderiam passar a proteína alergênica por meio da placenta e sensibilizar já o feto", alerta. Ele afirma que é primordial a alimentação com o leite materno nos primeiros seis meses da criança. Se isso não for possível, o médico indica o uso de leites chamados hipoalergênicos, com baixos teores de proteína alergisante de vaca, evitando a alergia alimentar nos primeiros dois anos de vida. "Já que as doenças alérgicas são genéticas, temos que começar a diminuir a exposição da criança a esses aspectos alérgicos, tanto alimentares, quanto ambientais", enfatiza.
Fonte: CDN SÃO PAULO
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Leitura adicional:
Alergia - Tipos de Alergias